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Harmonização - O Magnífico Queijo de Azeitão

Caros leitores e amigos,

Este é um pequeno artigo ligado a dois dos mais fabulosos produtos que um enófilo pode ter o prazer de consumir e o privilégio de harmonizar: queijo e vinho! Uma premissa importante é a de que este texto é subjectivo e parcial, uma vez que a selecção de vinhos (tintos) não se deveu a nenhum critério particular, a não ser o de um deles representar a Península de Setúbal num perfil relativamente tradicional, e o outro outra região distinta mas suficientemente próxima do ponto de vista geográfico (no caso, o Alentejo).

A ideia foi colocar os dois vinhos frente-a-frente numa harmonização com queijo de azeitão servido como entrada, que é para mim o momento ideal para esta verdadeira maravilha da queijaria nacional e quiçá do mundo! O objectivo foi o de comprovar a máxima de que os vinhos de determinada área, são os que melhor se adaptam a alguns dos mais representativos produtos dessa mesma região.

 

A marca de queijo seleccionada foi a Victor Fernandes, que representa bem os queijos de azeitão D.O.P. em virtude da boa qualidade do produto, do preço médio adequado (5,99 €) e finalmente da facilidade de aquisição em diversas superfícies quotidianas (podemos encontrar estes queijos no Pingo Doce e no Jumbo, por exemplo). O júri constituiu-se de três elementos, que degustaram primeiro os vinhos individualmente, e avaliaram depois a capacidade de harmonização de cada um com o nosso queijo de Azeitão.
 
 

Os Vinhos
A representar a Península de Setúbal esteve um DO Palmela, o Xavier Santana Reserva 2010, 100% Castelão de solos argilo-arenosos com 12 meses de estágio em barricas de carvalho. Na prova a solo mostrou-se num momento de consumo interessante, com a sua cor granada e aromas focados na fruta vermelha madura. Encorpado, com taninos vivos, acidez bem proporcionada e um final de boca de bom comprimento. Um tinto de pendor claramente gastronómico.

 
A representar outra região, esteve um DOC Alentejo, o Conde D'Ervideira Reserva 2010, um lote complexo de Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon, muito diferente do primeiro na prova a solo, com aromas focados no chocolate amargo, grafite, alcatrão e especiarias. Ataque suave, corpo equilibrado, taninos sedosos e final também de bom comprimento. Um estilo muito mais aveludado e indicado para o consumo per se, embora com pratos delicados e bem elaborados também se vá mostrar bem à mesa.




A Harmonização
O perfil de cada um dos vinhos ao primeiro contacto não deixava grandes margens para dúvidas, e a harmonização com o queijo de azeitão dissipou-as todas: o Xavier Santana conseguiu domar a intensidade gorda do queijo, envolvendo-o em deliciosa acidez e servindo-o aos jurados numa bandeja repleta de sabores, complexidade e prazer; o Conde D'Ervideira não tinha acidez suficiente para dominar o queijo e acabava por ser subjugado durante a harmonização, com um resultado final menos feliz. O júri não teve dúvidas: por unanimidade, o vinho da Península de Setúbal resultou na melhor harmonização com o queijo de azeitão, eliminando o vinho do Alentejo desta relação a dois.

Com esta pequena amostra, a máxima mantém-se, de facto muitos dos vinhos produzidos em determinada região parecem feitos para alguns dos produtos dessa zona... Para terminar, os meus agradecimentos aos amigos Agostinho Batista e Adelino Lopes por terem acedido a avaliar esta harmonização, um grande bem-haja para ambos!







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