A Herdade da Malhadinha Nova, situada no Baixo Alentejo em Albernôa, é uma propriedade com 27 hectares de vinha detida pela família Soares, conhecida dos enófilos também pela extensa cadeia de garrafeiras no Algarve com o mesmo nome.
Os solos xistosos aliados a uma rigorosa escolha de castas, que mescla as tradicionais do Alentejo (Aragonês, Trincadeira, Alicante Bouschet, Alfrocheiro, Arinto, Roupeiro ou Antão Vaz) com outras cada vez mais utilizadas nos últimos tempos por diversos produtores (Touriga Nacional, Syrah, Cabernet Sauvignon, Verdelho ou Chardonnay), permitem a obtenção de vinhos de boa qualidade, inseridos num portefólio diversificado, capaz de agradar a um vasto público atento aos bons ventos que sopram de terras além Tejo.
A GN Cellar foi o palco onde se desenrolou mais esta prova de grande qualidade, e que constituiu um cartão de boas-festas que muito agradou a todos os presentes, clientes, amigos e curiosos. Foi possível comprovar o estilo e as diferenças entre alguns dos vinhos do portefólio deste produtor alentejano, cuja relação preço / qualidade no geral será o único handicap para que seja conhecido de forma mais efectiva nas mesas portuguesas. Os vinhos são bons nalgumas das referências, mas parecem-me num patamar de preços algo excessivo.
Destaco desta prova o Verdelho 2011, pelo equilíbrio e frescura, o Syrah 2010, muito completo e ainda o Pequeno João 2011. Aqui vos deixo as principais ideias sobre os vinhos provados:
Monte da Peceguina Verdelho 2011 (preço recomendado: 10 €)
Cor muito clara com ligeiros reflexos esverdeados. Muito expressivo no nariz, fruta amarela, alperce e marmelo. Na boca é envolvente, apresenta-se fresco, com boa acidez e algum corpo, termina focado na mineralidade com persistência notória. Um bom trabalho conseguido neste monovarietal de Verdelho, mais fresco e focado do que conheço noutros exemplares também do Alentejo (Esporão ou Terras d'Alter por exemplo). Um branco que será bom companheiro na mesa!
Monte da Peceguina Aragonês 2009 (preço recomendado: 18,45 €)
Cor rubi, aroma fresco e incisivo nos frutos maduros. Na prova de boca mostra-se com corpo médio, taninos ainda jovens a marcar o palato, boa acidez e final de bom comprimento sobre notas de fruta vermelha e folha de menta. Um vinho ainda jovem, bem gastronómico, que me parece com potencial de evolução em garrafa.Monte da Peceguina Touriga Nacional 2010 (preço recomendado: 18,45 €)
Cor granada com leves reflexos violeta a denunciarem o carácter varietal. O aroma frutado não é muito exuberante, mais contido. Na boca apresenta corpo vistoso, alguma acidez a tentar equilibrar a doçura da fruta, um vinho com garra e bom final, num estilo mais feminino, que poderá não agradar a todos os consumidores.
Monte da Peceguina Syrah 2010 (preço recomendado: 18,45 €)
Cor rubi, escura, nariz exuberante de frutos vermelhos, elegante no ataque, taninos vivos e final bem saboroso e longo. Um vinho que dá uma óptima prova e o melhor dos monovarietais para mim. Dá muito prazer a beber e mostra-se versátil nos momentos de consumo.
Pequeno João 2011 (500 ml) (preço recomendado: 22,30 €)
Cor granada bem escura, nariz complexo e atractivo. Na boca apresenta-se com fruta vermelha, ameixa, groselhas esmagadas, bem elegante, um final interminável envolvido em pimento e especiarias. Impressionante o equilíbrio e envolvência deste vinho para um 2011! Muito bom, mas surpreende-me que esta garrafa de 500 ml tenha sucesso comercial... O ideal será comprar a mana mais velha, formato magnum, mas aí os preços serão (ainda) mais proibitivos.
100% de acordo, bate certo com as minhas preferências nessa prova.
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