O sucesso procura-se, luta-se por ele e ás vezes obtêm-se algo. Não sei se o André Ribeirinho e a sua equipa são uns predestinados e então, o sucesso é algo natural para eles, mas parece-me que neste caso, o sucesso alcançou-se. Certamente á custa de muito trabalho, noites perdidas, muita auto-confiança e alguma sorte. Mas, como diz um certo treinador de um grande clube do norte de Portugal, " a sorte dá muito trabalho!".
|
De um ponto de vista meramente pessoal, o Adegga é O evento vínico do ano. Muito mais bem organizado que os outros todos e sem a gigantesca confusão que se tornou o ECVS.
Houve confirmações entusiásticas, certezas absolutas, surpresas e para grande regozijo pessoal, dez minutinhos á Niepoort, cortesia de um muito cansado João Rico!
Confirmações entusiásticas ouve muitas e ainda bem. A primeira e mais importante é que, quanto mais bebo vinho do Porto, mais me apercebo, que não percebo nada daquilo. O nível de Portos á prova(sem contar com a sala Premium, que não fui) era colossal. Não em tamanho, mas em qualidade.
O mais impressionante e cuja degustação confirma que o estilo Tawny Colheita é o meu preferido, foi o Barros Colheita de 1961, que tinha sido engarrafado apenas, uma semana antes do evento.
Monstruoso é pouco.
Um pouco de fumado, muitos frutos secos, enormissimo equilibrio entre a doçura inerente a 41 anos de clausura em madeira e a acidez natural que estes vinhos têm.
Não é do meu campeonato em termos de valor, porque no dia que puder deixar numa qualquer garrafeira deste pais 200 e tal euros por uma garrafa de vinho, posso-vos garantir que o monte no Alentejo, ali para os lados de Milfontes, um Range Rover Supercharged e uma conta bancária de valores milionários, estarão previamente assegurados.
No entanto, é um vencedor nato e dará certamente enorme prova durante muitos anos.
Outro vencedor, que já me tinha conquistado na edição de verão do Adegga, foi a Poças. Tem sido uma revelação, a cada prova. No ECVS, por sugestão do promotor da casa, provei um Colheita de 94 com umas lascas de Granna Padano. Irreal é dizer pouco.
Agora, foi o 1997 e o impressionante 1988. Ambos são magnificos, o 97 está num ponto de complexidade, doçura, acidez fenomenal, mas em prova directa com o irmão mais velho de 88, nota-se que o velho ditado, que a idade é um posto, é das mais puras verdades.
O Colheita de 1988, só não é o vencedor por K.O, neste confronto de Portos, porque ainda é o Mike Tyson e o Barros, é um Mohammed Ali em 1974, pronto a desfazer o George Foreman, para gáudio do Presidente Mobutu Sésé Seko.
O Poças, aliás toda a gama da casa, tem no entanto um enorme ponto a favor.
O preço.
É ridiculo, no bom sentido, que um Porto daquela magnitude esteja á venda abaixo dos 45€.
Mas como ouvi alguem dizer, um dia num evento do género e que também questionou-se acerca de um tão baixo preço perante tamanha qualidade, eles não são a Taylor's ou a Graham's...
Para acabar a digressão pelos Portos Colheita, direi apenas, que num registo que não tem nada a ver, que gostei muito do Noval Black.
A parte da constatação entusiástica, que menos me agrada, é que eu não estou pronto para Vintages novos. Não estou e é irremediável.
Daí, que provei muitos e todos bons, mas o único que levava para casa era o Graham's Quinta dos Malvedos de 1999. Este já está mais afinado e tenho a certeza que daqui a uns 25 ou 30 anos, estará óptimo. Haja saúde para o beber nessa altura.
Nas certezas absolutas, muito resumidamente, digo que os vinhos Conceito não me dizem nada, que a rapaziada do grupo Local Handcrafted Wines tem muita matéria prima de qualidade(o Encruzado Munda, é uma cena impressionante...), que a Sogrape é um universo, mas continuo a adorar esse planeta isolado que é a Quinta dos Carvalhais(ode ao Manuel Vieira, que é um enólogo de primeira e não consegue fazer vinhos maus...) , a Quinta do Vale Meão é aristocracia vínica, para o melhor e para o pior e que a Niepoort, para o ano devia trazer só coisas dos Projectos, que são aqueles que melhor revelam a veia criativa do grande Dirk Niepoort...
Surpresas, ouve algumas e todas soberbas. A principal será a Herdade do Mouchão. É certo, não levaram nenhum Tonel 3-4 para se provar (mas ouve Colheitas Antigas á prova na sala Premium...) e o que alguns pensam da Niepoort("ah, já provei tudo e trazem sempre o mesmo...") eu poderia dizer da Herdade do Mouchão. Sim, já os tinha provado em mais do que uma ocasião. Ponte das Canas, Dom Rafael, a todos os tinha provado e comprado. E até o Mouchão. Mas não sei, foi algo que para ali me chamou, a suave sedução das vinhas velhas de Alicante, o fascinio que estes grandes vinhos produzem em mim, o entusiasmo indelével da esposa, ao repousar os lábios num dos melhores tintos do país ou até, a simpatia cativante do promotor da casa.
Foi para mim, o melhor tinto da tarde e só tenho pena de não ter sido lesto a ir comprar o licoroso, que é uma coisa danada de boa! Quando pensei nele, já não havia.
Outra boa surpresa, outra casa alentejana que tambem gosto muito, Paulo Laureano. Desta feita, provei aqueles que os tenho guardado religiosamente, os Doliums branco e tinto e os que já comprei para amigos, Tinta Grossa e Vinea Julieta. Adoro o compromisso do criador, só trabalha com castas portuguesas e no caso dos dois ultimos mencionados acima, locais e em vias de extinção.
Palmas para o trabalho soberbo de um grande enólogo e criador.
Outra boa surpresa foram os vinhos da Quinta de SanJoanne. São todos grandes brancos, mas o inacreditável 2000... que vinho, que concentração...
Quero apenas, em jeito de fim de conversa que já vai longa e enfadonha, agradecer ao João Rico por 10 minutos muito divertidos, ele que tem uma paciência de santo para me aturar... Gosto de pensar que pelo menos naquela tarde, uma garrafa de Vertente, Dócil ou colheita de 2001 ajudei a vender.
Amigo Pedro, belo entusiasmo perante um evento que toca o grupo de wine bloggers do Copo Meio Cheio de forma muito particular... Mais um belo evento, a comprovar todos os predicados de edições anteriores, onde algumas novidades em prova são o sal e a pimenta que temperam cada nova data... Brevemente darei também a minha avaliação do evento, teremos depois tempo para discutir as diferentes perspectivas! Um grande abraço
ResponderEliminarParabéns pelo post e (já agora) pelo Blog que não conhecia e que gostei de conhecer. Continuação de bom trabalho.
ResponderEliminarCheers!
Pedro, obrigado pela tua presença e pelo teu excelente artigo sobre o Adegga Wine Market. O teu primeiro parágrafo é excelente e descreve muito bem o que é fazer o Adegga e os Adegga Wine Market. Obrigado pelo apoio continuado. Alguma questão não hesites em falar comigo. Um abraço!
ResponderEliminar