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Adegga Summer Wine Market 2012 - Artigo 1/3

Os eventos organizados pelo André Ribeirinho no âmbito do seu projecto Adegga são para mim verdadeiramente especiais. Logo na minha primeira visita, no dia 27 de Novembro de 2010 (2.ª edição do Adegga Wine Market), fiquei conquistado pelo espaço, filosofia e organização. É destes eventos que os enófilos mais gostam, pela próximidade com os produtores, o afastamento (mais ou menos implícito) a grandes empresas do sector e a vinhos mais comerciais e mediáticos, sendo o ênfase na aposta em pequenas produções, gente genuína e invariavelmente grandes vinhos! Isto é tudo o que um visitante pode esperar dos eventos Adegga, e nesta 1.ª edição (de muitas outras, espera-se!) da sua versão Summer Wine Market, cumpriu e superou mesmo as melhores expectativas.
 
André Ribeirinho e a sua equipa voltaram a oferecer no dia 16 de Junho um encontro de grande nível, num novo espaço (Hotel Flórida) que se adequa ainda melhor que o Teatro Aberto na Praça de Espanha, uma vez que ao colocar todos os produtores num único piso, facilitou imenso o périplo dos visitantes por todo o lado, uma opção que felicito e que espero se possa manter!

Não podia deixar de agradecer publicamente ao André Ribeirinho, em nome da equipa de wine bloggers do Copo Meio Cheio, a consideração e disponibilidade para nos receber no horário para profissionais, indispensável para melhor servirmos a missão do nosso Blog.

Muito haveria para escrever sobre o Summer Wine Market 2012, mas seleccionei uma pequena amostra de 10 vinhos muito interessantes para partilhar convosco, com o objectivo de mostrar a qualidade do trabalho que se faz na área em Portugal, e também aguçar a vossa curiosidade para conhecer e descobrir estes vinhos de excepção... Desta selecção exclui apenas dois produtores: a Quinta do Filoco (Douro) e Azamor Wines (Alentejo), pois falarei deles mais pormenorizadamente muito em breve! Esta é a selecção:


 

 

Quinta da Vegia 2011 Rosé (Casa de Cello, Dão)
Feito a partir de Touriga Nacional e Tinta Roriz, em que as uvas são vindimadas especificamente para fazer este belíssimo rosé. Bela cor vermelho vivo, aromas exuberantes a fruta vermelha algo madura, sugestões florais, elegante. Boca com algum volume e final longuíssimo. Um vinho que pede companhia adequada à mesa, com uma complexidade improvável.
 
Quinta da Vegia 2008 Tinto (Casa de Cello, Dão)
Este tinto é obtido a partir de Touriga Nacional e Tinta Roriz (Aragonês). Bonita cor granada no copo, mostra-se muito limpo e fresco no nariz, com ênfase nas notas de eucalipto e menta. Na boca os taninos estão presentes mas perfeitamente integrados, óptimo volume, encorpado, impressionante no final longuíssimo. Um prato de rosbife revelar-se-à perfeito para uma harmonização memorável. Um dos meus vinhos portugueses favoritos!
 

Quinta do Pinto Blend 2008 Branco (Quinta do Pinto, Lisboa)
Um blend com grande complexidade, com Arinto, Roussanne, Marsanne, Viognier, Fernão Pires e Antão Vaz. Cor discreta, exibe muita complexidade no nariz focado na fruta, com destaque para os citrinos. A prova de boca é mais fina e elegante, acidez presente, bela textura e densidade, gordo. O final é bastante intenso com bom comprimento. Uma boa surpresa.

Julia Kemper Touriga Nacional 2009 (Julia Kemper, Dão)
Um produtor em grande evidência no Dão nesta fase. Cor granada-escuro, quase opaco. Aromas florais, algumas ervas aromáticas, fruta silvestre, muito elegante. Na boca é extraordinariamente encorpado, o volume impressiona o paladar envolvido em especiarias e  termina de forma super-longa... Um tinto cheio de força que impressiona os sentidos e que precisa de tempo de garrafa para evoluir ainda mais. Será já um bom companheiro para pratos de cabrito ou vitela no forno, mas será aconselhável o descanso na garrafeira.
 
 

Anima L8 Tinto (Herdade de Portocarro, Península de Setúbal)
A nova edição de 2008 deste 100% Sangiovese, o único em Portugal. Através do trabalho com a casta clássica dos bem conhecidos Chianti italianos, Luis Mota Capitão (produtor) e Paulo Laureano (enólogo) apresentam-nos um vinho de cor brilhante rubi, cheio de fruta vermelha pouco madura no nariz denunciando a sua juventude. Na boca é algo revolto e especiado, volumoso, acidez bem integrada, corpo médio. O final é interessante, revelando-se um tinto gastronómico mas jovem, cuja evolução o levará para patamares um pouco diferentes. Vale a pena esperar...



Cavalo Maluco 2008 Tinto (Herdade de Portocarro, Península de Setúbal)
Este Cavalo Maluco é também um dos meus vinhos portugueses favoritos. Um lote que sempre promete de Touriga Nacional, Touriga Franca e Petit Verdot, mostra um bonita cor granada, aromas complexos com base nos frutos vermelhos bem maduros, algum floral a conferir alguma elegância. No ataque a acidez e os taninos são evidentes, um tinto musculado com a pimenta preta em evidência e corpo cheio de estrutura. O final de grande comprimento retém a atenção do provador por bastante tempo. Estamos na presença de um grande vinho, que conforme pude comprovar há poucos meses com a edição de 2006, beneficiará com o estágio em garrafa!
 
Herdade de Portocarro Partage 2008 Tinto (Herdade de Portocarro, Península de Setúbal)
A última novidade do produtor apresentada recentemente ao mercado é este tinto feito 100% com Touriga Franca, o que à partida prometia (mesmo) bastante... Foram feitas apenas 1.200 garrafas e ainda mais algumas magnum, por isso aconselho rapidez na sua aquisição se quiserem juntá-lo às vossas garrafeiras! Apresenta-se com cor granada muito escura, ainda algo fechado e austero nos aromas, sentem-se sugestões de fumo e suaves notas de fruta madura. Na boca as especiarias dominam os acontecimentos e impressionam o palato, apresenta-se bastante encorpado e termina muito persistente. Um vinho impressionante para já, que revela um potencial de guarda fora do vulgar. Espero poder comprová-lo dentro de alguns anos... 
 

Uniqo 2008 Branco (Companhia das Quintas, Lisboa)
Este produtor nacional apresenta-nos um vinho que resultou de uma pequena brincadeira da equipa de enologia... Trata-se de um 100% sercial (casta conhecida no continente como esgana-cão e que nos vinhos da Madeira dá origem a vinhos secos), algo bastante invulgar, despertando por isso a curiosidade da comunidade enófila, mais ainda pois sairam para o mercado apenas 500 garrafas... Este branco apresenta-se de cor amarelo-palha , mineral e tropical nos aromas, com destaque para as notas de maracujá. No palato é algo discreto, sugestão de pêras, fruta doce, revela-se com boa acidez e algum corpo. Um vinho definitivamente gastronómico muito focado na acidez, que será bom companheiro de uma garoupa no forno ou um simples cherne na grelha.

Dona Matilde Reserva 2007 Tinto (Quinta Dona Matilde, Douro)
Deste produtor duriense chega-nos um vinho de cor granada profunda, com aromas bastantes complexos onde a fruta silvestre se alia aos arbustos, casca de árvore e sugestões tostadas. Na prova de boca mostra-se algo exótico, notas de couro e especiaria, muito denso, de taninos bem maduros e final bastante longo. Mais uma bela amostra do que o Douro tem para oferecer: vinhos austeros, complexos e estruturados, marcantes e versáteis na harmonização à mesa.

Poças 1994 Porto Colheita (Manuel Poças Júnior, Douro)
Este vinho do Porto Colheita deixa um aviso à navegação logo pelo ano de vindima: 1994 é considerada por muitos uma das melhores colheitas do século XX, a par de anos míticos como 1963, 1945, 1931 ou 1912. Certo é que houve declaração vintage generalizada e deu origem aos míticos vintage da Taylor e Fonseca agraciados com 100 pts. Parker por James Suckling em 1997 para a Wine Spectator. Vale o que vale. Este vinho fortificado apresenta-se de cor ambarina no copo e aroma bastante complexo com frutos secos, alguma raspa de laranja e notas de fruta doce em geleia. A boca é extraordinária, volume imenso, taninos bem presentes, bastante sedutor e atractivo, final elegante, intenso, persistente. Uma prova ao nível dos melhores fortificados que já provei, fantástico!
 

Por último, um outro agradecimento especial ao nosso wine blogger fotógrafo de serviço neste evento, o Gonçalo Carvalho, que cedeu as suas óptimas fotografias para usufruto da equipa!

4 comentários:

  1. a minha "análise" caírá mais sobre o universo Sogrape, que também esteve representado no Adegga, com Quinta dos Carvalhais e Casa Ferreirinha. Foram dos que me deixaram melhores memórias...

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  2. Miguel, alguns dos vinhos que aqui falas também me ficaram para memória futura... O Anima L8 confirmou o que já esperava depois da boa experiência com a originalidade do L7, um vinho único que virou algo místico para estas papilas gostativas pouco conhecedoras, sempre reféns de uma certa austeridade, agravada por esta que anda agora muito em voga.. Os Poças também marcaram mais pontos que muitos outros, o que me levou até a trazer o Poçazito Vale de Cavalos 2009… Os que primeiro provei foram os da Quinta do Filoco e os Azamor.. Foi por tua sugestão quando cheguei ao evento e… que sugestão! Também ficaram como excelentes referências, principalmente os Azamor… então o ICON 2004, bem esse… fez-me levitar!! Fico ansioso para ler a poesia vínica que aí vem no artigo que já anunciaste sobre estes vinhos…

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  3. os meus 2 preferidos foram sem dúvida

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    foz de arouce vinhas velhas

    menção honrosa para os beyra

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  4. Olá Miguel! Obrigado pelas tuas palavras. É bom ter feedback do trabalho desenvolvido. Será um prazer poder contar contigo (e com o resto da equipa) novamente em futuras edições. Um abraço.

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