Este é o meu primeiro artigo na secção das Provas de Vinhos, e é inevitável abrir com uma prova que decorreu no dia 1 de Março no mais emblemático local para o nosso grupo de enófilos/bloggers, a "nossa" Garrafeira Nacional". Este é um espaço de matriz tradicional na baixa lisboeta, onde passámos já muitas tardes verdadeiramente memoráveis, sempre em inestimável companhia e na presença de grandes vinhos e produtores. Aproveito para agradecer ao nosso habitual anfitrião, Jorge Morais, que a todos conquistou com a sua personalidade cheia de boa disposição e grande gosto pela actividade que desenvolve. Obrigado.
Tratou-se do regresso às provas de quinta-feira à tarde na Garrafeira Nacional após um período de interregno, já esperado há algum tempo. Foi por isso com grande satisfação que muitos enófilos participaram neste evento. A condução da prova dos 6 vinhos ficou a cargo do enólogo Paolo Nigra da Companhia de Vinhos do Alandroal (vulgarmente conhecidos como vinhos Pontual), que se mostrou sempre muito disponível para todas as questões colocadas.
Nos brancos, o Desigval 2011 (Antão Vaz predominante, Arinto e Verdelho) mostrou-se directo, simples, algo discreto no final mas bastante aromático como é muitas vezes característica dos brancos jovens. Nascido das cubas de inox, pode ser adequado a mariscos ou então a solo como aperitivo, penso que não preenche um aperciador um pouco mais exigente... O Pontval 2009, onde se repete o lote anterior mas desta vez com predominância do Arinto, é obtido após curto estágio de cerca de 1 mês em barricas novas. Mostrou-se melhor conseguido, mais encorpado, com densidade apreciável e de final algo persistente, mas talvez beneficiasse da predominância do Antão Vaz para o tornar mais atractivo.
Nos tintos, a prova abriu com o Desigval 2010, desenhado com objectivos semelhantes ao similar branco. Aroma intensamente frutado e corpo simples, tudo conseguido com um lote relativamente comum de Cabernet Sauvignon, Aragonês, Touriga Nacional e Alicante Bouschet. Seguiu-se o Pontval Touriga Nacional / Trincadeira 2010 (engarrafado cerca de 15 dias antes), muito fechado ainda de aromas, embora com corpo presente e taninos vivos, como que a pedir para acompanharmos a sua evolução mais algum tempo... O Pontval Syrah 2008 apareceu como o vinho mais personalizado de toda a prova: aromas a frutos vermelhos, alguma especiaria, traço compotado, ataque de boca com fibra, volumoso no palato, termina num final longo, com a acidez presente e equilibrada, que lhe dará mais tempo ainda em cave. Um bom exemplo do que de melhor a casta pode expressar no Alentejo, convenceu! Finalmente, o Pontval Reserva 2005, servido após decantação, deixou boas indicações também, nomeadamente ao nível da elegância com que se apresenta na boca, sedoso, redondo, um vinho que estará agora a viver o seu ponto alto de consumo e poderá harmonizar com pratos delicados de caça por exemplo.
Esta foi uma prova que mostrou toda a gama da Companhia de Vinhos do Alandroal, produtor com cerca de 10 anos de actividade na região do Alentejo e que apresenta algumas referências interessantes que poderão ter lugar à mesa do enófilo exigente, com destaque para o Pontual Syrah 2008 e o Pontual 2009 Branco.
Sem comentários:
Enviar um comentário