Recentemente na Essência do Vinho no Palácio da Bolsa no Porto, o produtor Henrique Uva / Herdade da Mingorra, foi um dos que visitei da região do Alentejo para experimentar alguns vinhos e assim aferir o trabalho vitivinícola que se tem feito por estas terras do Baixo Alentejo (a alguns quilómetros de Beja). Desse momento destaco o Vinhas da Ira 2005 Tinto, bem como o Uvas Castas 2005 Tinto e o Alfaraz Reserva 2011 Branco. Mais recentemente, no Mercado Gourmet do Campo Pequeno em Lisboa, tive oportunidade de comprar alguns dos vinhos deste produtor, nomeadamente o Alfaraz Touriga Nacional 2008 (9,50 €), que apresenta como cartão de visita a integração na selecção dos 10 melhores vinhos portugueses monovarietais de Touriga Nacional na prova organizada pela Viniportugal em 2011, sendo por essa altura um destaque na imprensa especializada nacional (e mesmo internacional).
Para abrir este néctar que tantas expectativas criou, utilizámos copos Riedel Touriga Nacional e a refeição à mesa foi um rolo de carne picada acompanhado de risotto de cogumelos, feito pela minha esposa e que estava delicioso. A rolha deu boas indicações, com cor violácea escura na face em contacto com o vinho e exalando alguns aromas compotados. O vinho foi então decantado (apresentava já um ligeiro depósito) cerca de 30 minutos antes do consumo, e apresentou-se com cor granada escura, aromas algo escondidos a flores (como violetas), frutos negros em compota e também sugestões de chocolate preto amargo, a mostar a casta mas de forma discreta. Na boca apresentou-se menos denso que o esperado, pouco encorpado, taninos bastante macios a darem elegância mas num estilo pouco "alentejano". O final continuou o registo discreto, com notas de bagas silvestres.
Tendo em conta que este Alfaraz Touriga Nacional 2008 foi considerado um dos melhores monovarietais por um painel internacional de críticos recentemente, tenho de afirmar a minha desilusão perante esta prova... Esperava um vinho mais marcante e estruturado, com os predicados reconhecidos da casta em exaltação, desafiando o nariz e o palato de forma vibrante, mas nada disso... Se se pode falar em equilíbrio generalizado, é certo também que pauta pela discrição neste momento de consumo. Aguardemos pois pelo que nos poderão trazer outras colheitas.
Risotto de cogumelos e rolo de carne picada? Bem, srªInês, sua excelência está feita uma Ramsay em crescimento... brinco, mas ela cozinha muita bem!
ResponderEliminarMicas, vais atrás dos nomes e prémios e tás lixado. Nem todas as Tourigas são "opiáceas", gulosas e viciantes...
Já sou uma croma no risotto! Este vinho tenho de comentar... sou fã de Touriga Nacional e são raros os que me desiludem. Este vinho precisa de respirar, acho que é só isso... no inicio, quando cheirava o copo, sentia-se muito o alcool, nem conseguia apanhar nenhuma aromas... mas depois de algum tempo em copo já estava bastante agradável e ai sim sentiam-se os aromas que o Miguel descreve. Não é de todo um mau vinho, mas nesta gama, talvez se encontrem facilmente melhores opções ;)
Eliminar